Kottabos era um jogo de habilidade muito popular entre os etruscos e os gregos, especialmente nos séculos VI e V a.C. Era jogado durante os simpósios, a festa após o banquete, com muito vinho, danças, música e recitais de poesia.
O jogo consistia em lançar a borra de vinho, depositada no fundo do copo, em um alvo no meio da sala. Era preciso muita destreza para ter sucesso no jogo: além de atingir o alvo, era importante a borra não se desmanchar no ar quando lançada. (Imagine a sujeira que a brincadeira causava!)
A habilidade incomum tornava o vencedor tão reconhecido quanto um lançador de dardo nos jogos olímpicos.
Tinha o jeito certo de jogar: “o lançador de kottabos coloca o dedo indicador da mão direita na alça do copo, com a palma para cima; e os dedos restantes são abertos como se tocassem uma flauta” (Antífanes). O jogador reclinava-se no sofá, apoiando-se no cotovelo esquerdo; e, movendo apenas o antebraço direito, jogava a borra de vinho.
O kottabos era tão popular que algumas mansões aristocráticas tinham salões circulares para os jogadores se organizarem em torno do alvo. Começado jogo, os lançamentos seguiam uns aos outros em rápida sucessão.
Fazia-se aposta de algum objeto de valor como prêmio, em geral um escravo jovem e bonito (os escravos eram, de fato, objetos).
O jogador fazia um brinde à uma pessoa amada cujo nome era pronunciado ao mesmo tempo que lançava a borra. Podia também fazer uma pergunta se teria sucesso no amor (tipo “bem-me-quer, mal-me-quer”) e a resposta seria o resultado no lance.
O alvo era um pequeno disco (chamado plastinx) apoiado horizontalmente sobre um candeeiro de bronze. Havia, também, estatueta de bronze especial para o kottabos: ela segurava o disco em sua cabeça ou em seus braços estendidos. Um enorme falo esculpido também equilibrando o disco no alto também poderia ser o alvo.
O disco ficava solto pois fazia parte do jogo derrubá-lo causando um barulho semelhante ao de um sino. O barulho era chamado latax.
O kottabos estava tão na moda que outras variantes foram inventadas. Uma bacia cheia de água e com pequenas tigelas boiando na superfície servia de alvo; era, então, necessário atingir essas tigelas jogando a borra com habilidade suficiente para afundá-las. Vencia quem conseguisse afundar o maior número de tigelas.
O prêmio estipulado para o vencedor pode ser ovos, maçãs, doces, sandálias, colar, fitas, bebida, bola ou simplesmente um beijo da pessoa amada. O jogador era julgado não só pela capacidade de atingir o alvo, mas também pela elegância do gesto com que manuseou a taça.
FONTE
“Kottabos” – Dictionnaire des antiquités grecques et romaines, d’après les textes et les monuments. https://archive.org/details/pt1dictionnaired03dare