20 curiosidades e conhecimentos dos Maias

20 curiosidades e conhecimentos dos Maias

A civilização maia foi a mais duradoura da América, tendo existido entre o século IV e o XVII ocupando territórios da atual Guatemala, sul e sudeste do México, Belize e Honduras. Era constituída por centenas de centros cerimoniais autônomos, que se ligavam por rotas terrestres e fluviais. Os maias desenvolveram uma cultura original e muitos de seus conhecimentos e costumes foram passados a outros povos, como os astecas e, inclusive, aos espanhóis através dos quais uma parte chegou aos nossos dias. Conheça 20 curiosidades e conhecimentos dos incríveis Maias.

1. Inventaram a goma de mascar (“chiclete”).

Os maias extraíam a resina de uma árvore conhecida como “zapote”, que mastigavam para limpar os dentes. Chamavam essa goma de tzicli, de onde derivou a palavra “chicle”, e o nome comercial do produto, “chiclete”.

2. As crianças nobres eram vesgas.

O estrabismo era sinal de status social, e os maias o provocavam artificialmente. Para isso, mantinham um objeto suspenso na frente dos olhos da criança pequena para forçá-la a contrair os olhos até causar a deformação.

Um chefe maia, reconstituição artística de Jean Francesc Oliveras Pallerols.

 3. Tinham os dentes afiados e incrustados com pedras preciosas.

Na cultura maia, os dentes afiados era um sinal de beleza e serviam para distinguir os indivíduos das classes superiores. Também costumavam decorar os dentes incrustando pedras preciosas como jade, pirita e hematita.

Dentes limados que pertenceram a uma mulher maia.

 4. Criaram um calendário mais preciso do que o nosso calendário gregoriano.

Apenas com a observação do céu a olho nu e com cálculos matemáticos, os maias marcaram a duração do ano solar em 365,2420 dias. Isso centenas de anos antes do calendário gregoriano (século XVI) estabelecer a duração do ano em 365,2425 dias. Hoje, a astronomia moderna calcula a duração do ano em 365,2422 dias, portanto bem mais próximo do cálculo maia.

 5. A deformação craniana era uma prática comum.

Os maias tinham a cabeça alongada e para isso pressionavam a cabeça do recém-nascido com placas de madeira durante as primeiras semanas.

 6. Enterravam os mortos em casa ou na casa dos vizinhos.

A ideia era manter o espírito do falecido junto à família. Os maias acreditavam na vida pós morte e deixavam oferendas como alimentos e bebidas. Um cachorro poderia ser enterrado para acompanhar a alma. Se o morto era uma pessoa importante, eram sacrificadas mulheres e empregados para servi-lo.

 7. Tinham um jogo de bola que era jogado com o quadril.

O jogo de bola maia, chamado de pok-ta-pok, assemelhava-se ao basquete, mas sem usar as mãos nem os pés. A bola, feita de borracha, devia ser arremessada com o quadril, coxas, joelhos e cotovelos para dentro de um aro de pedra.

O objetivo do jogo de bola maia era fazer a bola atravessar o anel de pedra fixado no alto.

8. A equipe do jogo de bola maia era sacrificada.

Após o jogo, era comum um ritual de sacrifício de uma das equipes. Os especialistas divergem sobre quem eram os sacrificados, se os derrotados ou os vencedores.

 9. A língua maia é metafórica.

Os maias se expressam por meio de metáforas. Por exemplo, os adolescentes eram chamados “hastes de flores de milho”; quando se está com dor de cabeça, se diz: “Meu coração está prestes a explodir”; a pessoa intrometida que se mete no que não lhe diz respeito, é questionada “por que você está vestindo uma tanga que não lhe pertence?”

 10. Usavam a mesma palavra para se referir ao amor e à dor.

O vocabulário maia é muito extenso e complicado. Existem palavras com significados completamente diferentes, como yaaj que, dependendo do contexto, pode significar “amar”, “odiar” ou “sofrer”.

11. Tinham uma matemática avançada.

Os maias fizeram enormes avanços na matemática. Foi o primeiro povo conseguir a abstração do zero (no século IV a.C.). O sistema de numeração maia era vigesimal ou de base 20, posicional e com uso de apenas 3 símbolos: o ponto (●), a barra () e o zero com forma de concha de molusco. Com esse sistema de numeração, os maias podiam realizar as quatro operações fundamentais (adição, subtração, multiplicação e divisão) e fazer cálculos com raízes quadradas e cúbicas.

A numeração maia usava apenas 3 símbolos: o ponto (●), a barra (—) e o zero, representado como uma concha de molusco.

12. Tinham conhecimentos astronômicos precisos.

Os maias desenvolveram uma astronomia precisa apenas com a observação do céu a olho nu e auxiliados por seu sistema de escrita e seus cálculos matemáticos. Estudaram os movimentos da Lua, do Sol, de Vênus e Marte, a Via Láctea e fenômenos astronômicos como os eclipses. Tinham tabelas prevendo os solstícios, os equinócios e os eclipses solares e lunares.

Calendário maia referente ao deus K’awiil., altar de Quirigá, séc. VII d.C., Guatemala.

13. Foram os inventores de um sistema de escrita própria.

Os maias são uma das raras culturas da América antiga com sistema de escrita próprio. Ele foi chamado pelos exploradores europeus “hieróglifos maias”, mas não tem qualquer relação com a escrita egípcia.

Até há pouco tempo, pensava-se que os maias haviam adotado o sistema de escrita dos olmecas. Porém, descobertas recentes fizeram recuar em vários séculos a origem da escrita maia, e muitos especialistas acreditam que os maias tenham sido os inventores da escrita na Mesoamérica.

As inscrições mais antigas conhecidas datam do século III a.C. e o sistema de escrita foi continuamente usado até o século XVI. É o único sistema de escrita mesoamericana já decifrado.

Estela maia com escrita.

14. Frequentavam saunas para purificar o corpo e a alma.

Os banhos a vapor eram um ritual para os maias. Serviam não apenas para lavar seus corpos, mas também para limpar simbolicamente suas almas antes de eventos importantes. Para isso, construíram casas de banho, chamadas temazcal (de temas, que significa banhar-se, e calli, que quer dizer casa). Eram construções pequenas, semiesféricas, feitas de pedra ou tijolo cru.

O vapor era produzido ao lado da entrada, onde eram colocadas pedras aquecidas e salpicadas com água. O excesso de água fluía por um canal no meio do chão, em direção à saída. Os maias e também os astecas eram adeptos fervorosos dos banhos a vapor no seu cotidiano.

O costume maia de banhos a vapor foi herdado pelos astecas como mostra essa ilustração em um códice asteca.

15. Tinham um conhecimento holístico de medicina

Para os maias, saúde era uma questão de equilíbrio e, por isso, sua medicina era uma mistura complexa de mente, corpo, religião, ritual e ciência. O homem era considerado parte integrante e interativa do cosmos e da sociedade, e qualquer desequilíbrio levaria à doença. Para curar esses desequilíbrios, os maias usaram uma abordagem holística para a cura que se concentrava nos aspectos espirituais e físicos do bem-estar e reconheceram sua interconexão.

Os xamãs maias procuravam principalmente equilibrar o fluxo de ch’ulel (força vital) no corpo, um conceito muito semelhante ao ‘qi’ na medicina tradicional chinesa. Para eles, os mundos físico e espiritual estão em extremos opostos mas conectados e, portanto, a saúde mental tem um forte impacto na saúde física – conceito que está ausente na medicina de hoje.

Os maias tinham conhecimento da anatomia humana interna, em particular do sistema reprodutor feminino. Tinham um amplo vocabulário para descrever os órgãos (hobnel para intestinos e kah para bile, por exemplo) e patologias específicas (thuhuzen para tosse brônquica, tiptec para dor intestinal, talvez apendicite).

16. Consumiam sementes de chia para ter mais força e energia.

A palavra ‘chia’ vem da palavra maia para força, mas chegou a nós com o nome em náuatle (língua asteca) chian, que significa “oleoso”. Cultivadas no sudeste do México entre 1500 e 910 a.C., as sementes de chia eram parte importante da dieta maia, e também dos astecas. Elas eram consideradas quase mágicas por sua capacidade de aumentar a resistência e a energia por longos períodos de tempo.

Os guerreiros maias usaram chia como sua principal fonte de energia durante as guerras. Os astecas fizeram o mesmo.

A chia também era indicada pelos curandeiros maias para aliviar dores nas articulações e estimular a saliva. Era tão importante quanto o milho na cultura alimentar maia. Os cronistas jesuítas colocaram a chia como a terceira cultura mais importante da cultura mesoamericana, atrás apenas do milho e do feijão.

Os maias estavam certos sobre a propriedade da chia. Ela é considerada, hoje, um superalimento rico em proteínas e fibras, e repleto de ácidos graxos ômega-3.

17. O chocolate era parte importante da dieta maia

A palavra chocolate deriva de tchocolatl, termo náuatle (língua asteca) para chamar o cacau e a bebida feita com as sementes dele. Os astecas herdaram o tchocolatl dos maias que o consumiam desde o Período Clássico (250-900 d.C.)

Os maias plantavam o cacau, colhiam, torravam as sementes, removiam a casca e as transformavam em uma pasta, que depois era misturada à água, fubá, pimenta e outros temperos. O resultado era uma bebida fria e espumante, apreciada particularmente pela elite maia, embora muitas pessoas também a consumissem, pelo menos de vez em quando.

O chocolate também era usado como medicamento – o cacau contém flavonóides, um antioxidante que comprovadamente beneficia a saúde do coração e do cérebro, e é rico em magnésio, cálcio, ferro, cobre, zinco e potássio. Os maias acreditavam que o cacau tinha propriedades mágicas ou até divinas, adequadas para uso nos rituais de nascimento, casamento e morte.

Os maias tinham uma economia de mercado próspera.Uma grande variedade de produtos agrícolas, cerâmica, plumas, tecidos de algodão, pedras e outras mercadorias eram comercializadas. Nas feiras, havia funcionários para resolver disputas, fazer cumprir as regras e cobrar impostos.

18. Desconheciam a metalurgia do ferro, a roda e animais de carga.

Os maias talharam e lapidaram pedras sem o uso de ferramenta de ferro ou bronze, minerais inexistentes no território maia. Também não dispunham de animais de carga e desconheciam a roda. Isso não impediu, porém, deles erguerem grandiosas pirâmides para seus deuses e governantes.

19. Levaram cerca de 170 anos para serem totalmente dominados.

Ao contrário dos astecas, incas e outros povos americanos, os maias demoraram para serem dominados pelos espanhóis. Os maias não tinham uma política centralizada, e nunca formaram um império, mas um conglomerado de cidades-Estado independentes. Os espanhóis tiveram que conquistar uma a uma até dominar a última, Itza, em 1697.

20. Os maias nunca se extinguiram.

Os maias continuam vivos e conservam sua língua e alguns costumes. Seus descendentes, cerca de 7 milhões de pessoas, estão na Guatemala, Honduras, Belize e península mexicana de Iucatã. A língua maia, o quiche, é falada por 1,70 milhões de pessoas.

Eles mantêm suas roupas, utensílios, alimentos, canções e rituais tradicionais. Seus conhecimentos sobre a propriedade das plantas e terapias pós-parto são passados a cada geração.  Os banhos a vapor ainda são usados entre os maias contemporâneos das terras altas de Chiapas, no México.

“Com todo o meu amor vos digo que nós maias existimos. Não somos apenas pirâmides ou campos de bolas. Somos uma cultura viva, felizmente, caminhamos e desfrutamos da sombra da árvore ceiba. Meus irmãos desta terra, onde eles estão, com a cabeça e com o coração chamo-os irmãos, irmãos.” Luis Naj, um padre maia, no México, para a Comissão Nacional de Desenvolvimento dos Povos Indígenas, 2015.

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