O magnífico cocar de Montezuma, o imperador asteca

O magnífico cocar de Montezuma, o imperador asteca

Montezuma II (1466-1520), o nono tlatoani (imperador asteca) do México-Tenochtitlán, encontrou-se com Hernán Cortez, o conquistador espanhol, em 8 de novembro de 1519. Presenteou-o com flores de seu próprio jardim, que era a mais alta honraria que poderia oferecer.

Seis meses depois, Montezuma foi morto por Cortez e domínios astecas caíram nas mãos dos espanhóis. Do imperador asteca restaram algumas peças como seu magnífico cocar de penas de pássaros.

Cocar de Montezuma II, imperador asteca, levado para a Europa, hoje está no Museu de Etnologia de Viena, Áustria.

Descrição do cocar de Montezuma

Montezuma II usava muitos ornamentos incluindo um magnífico quetzalapanecáyotl, nome dado ao seu cocar de plumas. A arte plumária, isto é, a confecção de objetos com penas e plumas de pássaros, teve um grande desenvolvimento entre os astecas. Era feita pelos amantecas, nome dado aos artesãos especializados na confecção de trajes e ornamentos feitos de penas. Para prender as penas, os artesãos usavam uma estrutura feita de fios de algodão e agave.

O cocar de Montezuma foi confeccionado com plumas de quatro espécies de aves que vivem nas florestas tropicais do sul do México e Guatemala. Foram usadas 12.210 penas de tamanhos diferentes de quatro aves, que se distinguem por suas belas cores. Sâo elas:

  • Verde cintilante: do quetzal (Pharomachrus mocinno) = 2.980 penas
  • Azul turquesa: da cotinga azul (Cotinga amabilis) = 6.800 penas
  • Rosa: da espátula rosada ou colhereiro (Platalea ajaja) = 2.000 penas
  • Marrom: do crocoió, alma-de-gato, alma-de-caboclo e outros nomes populares (Piaya cayana) = 390 penas
  • Outros pássaros (não identificados) = 40 penas
  • TOTAL de penas no cocar de Montezuma: 12.210 penas

Penas de quatro aves foram usadas para montar o cocar: quetzal (verde), cotinga azul (turquesa), colhereiro (rosa) e crocoió (castanho).

O cocar de Montezuma era chamado de “quetzalapanecáyotl” pelos astecas.

O centro do cocar é feito com penas azuis da cotinga azul. Segue-se uma faixa de penas rosadas da espátula rosada ou colhereiro, e outra faixa de penas castanhas do cuclillo pássaro que no Brasil recebe diversos nomes populares como crocoió, alma-de-gato, alma-de caboclo entre outros. Finaliza com uma larga faixa de penas verdes cintilantes do quetzal.

No total são 12.210 penas. O cocar contém ainda 1500 peças de ouro, prata e cobre em forma de meia-lua, discos e escamas, e placas de jade. Tinha ainda um bico de ouro no centro do cocar, hoje desaparecido.

Mede 116 cm de altura, 175 cm de largura e, apesar de seu tamanho, é muito leve, pesando apenas 980 gr.

Sua estrutura permitia abrir e fechar as seções laterais imitando as asas do quetzal em vôo, sem que as plumas verdes mais longas perdessem sua forma ondulante natural. Daí seu nome em nauatle (língua asteca), quetzalapanecáyotl, palavra formada por quetzal, nome do pássaro, e apanecáyotl, objeto artesanal de plumas.

O cocar de Montezuma é considerado uma peça de alta tecnologia artesanal e de excepcional qualidade técnica e estética. Embora agora esteja muito danificado, seu valor estimado pelo governo austríaco é de US$ 50 milhões.

Apesar de seu tamanho (1,16 m x 1,75 m), o cocar era leve pesando menos de 1 kg. A estrutura era flexível e as laterais podiam abrir e fechar imitando as asas da do quetzal.

Como o cocar de Montezuma chegou à Áustria

Fala-se muito que o cocar de Montezuma foi “roubado” do México. Segundo a historiadora Carmen Cook de Leonard isso não é verdade. O cocar faz parte do carregamento de 158 peças oferecidas por Montezuma como presente ao rei Carlos V.

Montezuma havia se convertido à religião católica e aceitou tornar-se vassalo do rei espanhol. Nessa oportunidade, teria dado as peças a Hernán Cortez para que as enviasse ao rei da Espanha. Entre elas estava o magnífico cocar de plumas. Os objetos foram inventariados em 5 de novembro de 1519, em documento duplicado: uma cópia para o rei e outra para a rainha. Esses documentos estão hoje em Sevilha e na Biblioteca Nacional de Viena.

Com o tempo, as peças mudaram de mãos e acabaram esquecidas. O cocar foi “redescoberto” em 1878 e estava muito danificado, corroído pelas traças e com a maior parte dos discos de ouro e outros ornamentos perdidos. Reconhecendo seu valor artístico, foi tomada a decisão de fazer a sua restauração usando, para isso, plumas similares. Encontra-se, hoje, em exibição no Museu de Etnologia de Viena.

Em 1958, o governo do México criou uma cópia, no tamanho do original, com penas autênticas e montadas conforme a técnica dos amantecas, complementadas com peças de ouro, prata e cobre. O cocar está guardado no Museu Nacional de Antropologia, Cidade do México.

Detalhe da parte central do cocar de Montezuma II.

Fonte

Saiba mais

Os fabulosos mosaicos astecas de turquesa. Ensinar História.

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