Os hilotas (do grego heílotai ou heílotes, “conquistado”, “prisioneiro”) eram os servos de Esparta, indivíduos não cidadãos, presos à terra e propriedade do Estado. Eram, assim, escravos públicos a serviço da comunidade espartana. Diferente do conceito de escravo, os hilotas não podiam de forma alguma serem propriedade privada de espartanos individuais. Não podiam ser vendidos nem libertados por seu mestre.
Segundo os historiadores, os hilotas descendiam de uma população anterior à invasão dórica que habitava a Lacônia e que, no século VIII a.C. foi subjugada pelos dórios (futuros espartanos) e reduzida à escravidão.
Os hilotas cultivavam a terra dos espartanos e dela tiravam seu sustento. Segundo Licurgo, legislador lendário, nenhum espartano tinha permissão para cultivar suas terras ou buscar qualquer outra ocupação. Em vez disso, eles deveriam viver da produção obtida pelos hilotas (cereais, azeite e vinho) sendo estipulada uma quantia razoável para as necessidades de um guerreiro e sua família. Portanto, o sistema espartano baseava-se no trabalho dos hilotas o que permitiu aos espartanos dedicarem-se em tempo integral ao treinamento militar.
Um hilota que cultivava a terra com sua família só trabalhava para um único espartano ou uma família espartana. Depois de pagar seu tributo, estava liberado para garantir seu próprio sustento. Além do trabalho agrícola, o hilota podia servir como guarda-costa, cavalariço, serviço doméstico e usado na guerra acompanhando seu senhor, na tripulação de um navio ou lutando com armas leves.
Apesar do vínculo pessoal com seu senhor, o hilota não era sua propriedade, pois ele sempre permanecia ligado à terra em caso de mudança de proprietário. Houve, contudo, casos em que a comunidade espartana concedeu liberdade a hilotas com base em méritos especiais, especialmente, na guerra.
O número de hilotas em relação aos cidadãos espartanos variou ao longo da história de Esparta. Segundo Heródoto, havia sete hilotas para cada espartano na época da Batalha de Plateia em 479 a.C. Assim, a necessidade de manter a população hilota sob controle e evitar a rebelião era uma das principais preocupações dos espartanos.
Os hilotas eram ritualmente maltratados, humilhados e até massacrados: todo outono, os espartanos declaravam guerra aos hilotas para que pudessem ser mortos pela Cripteia, uma espécie de tropa especial formada por jovens espartanos, destacados por sua coragem e inteligência. Os hilotas mais fortes e capazes eram os principais alvos da Cripteia; selecionar alvos fáceis seria interpretado como um sinal de fraqueza. Teoricamente, isso eliminava os rebeldes em potencial e ao mesmo tempo mantinha a população geral de hilotas submissa e eficiente.
Essa descrição do massacre dos hilotas pela Cripteia foi feita pelos historiadores do século XIX. Hoje, porém, os historiadores acreditam que essa matança não era rotineira argumentando que nenhuma economia e política podem funcionar por um longo período de tempo (e Esparta gozou de estabilidade e prosperidade por séculos) com base na coerção brutal.
Além disso, estudos recentes revelam que a situação dos hilotas, quando comparada a dos escravos de outras cidades-estado gregas, era muito superior. Os hilotas ficavam com metade de sua produção, enquanto no resto do mundo antigo tudo o que os escravos produziam pertencia a seus senhores. Moravam em unidades familiares, conheciam seus pais, escolhiam suas esposas e criavam seus próprios filhos – condições que não existiam para os escravos. Podiam se ocupar de atividades artesanais para ganhar dinheiro extra, acumular riquezas e gastá-la como quisessem. Há registros de que, em 223-222 a.C., 6.000 hilotas conseguiram economizar tanto dinheiro com os 50% de sua colheita que puderam pagar a enorme soma exigida para comprar sua liberdade.
Fonte
- CARTLEDGE, Paul. Sparta and Lakonia: a Regional History, 1300-362 BC. Londres, Nova York: Routledge, 2015.
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