Indulgência era o cancelamento, pela Igreja Católica, da punição temporal ainda devida pelo fiel por seus pecados depois de terem sido perdoados por Deus.
O conceito de indulgência concedida pela Igreja existia desde o início do cristianismo. Seguindo os ensinamentos de Jesus que pregava o arrependimento e a necessidade de perdoar uns aos outros, o fiel eram estimulados a se arrependerem e confessarem seus pecados perante um sacerdote.
Depois de confessado o pecado, o confessor impunha uma penitência como fazer um certo número de orações, jejuar, peregrinar a um lugar santo, dar esmolas aos pobres, fazer uma doação a uma instituição de caridade etc. – dependendo da gravidade do pecado.
A indulgência tinha o objetivo de educar o pecador a levar uma vida cristã e reparar as consequências de seu pecado.
A partir do século XI, as práticas indulgentes começaram a mudar, especialmente com a concessão de indulgências àqueles que iam para as Cruzadas. Em 1095, o papa Urbano II ao convocar as Cruzadas, concedeu a indulgência plena àqueles que realizassem uma peregrinação armada para reconquistar Jerusalém e o Santo Sepulcro. Significava que os cruzados teriam canceladas as penitências devidas por todos pecados confessados.
Nos séculos séculos XIV a XVI, o uso das indulgências generalizou-se e foi introduzida a possibilidade de obtê-las com uma doação monetária para obras da Igreja, como escolas, hospitais e hospícios. A prática começou a ser pervertida transformando-se, em alguns casos, em puro e simples comércio. Difundiu-se o pedido de dinheiro em troca de uma indulgência: o dinheiro era recolhido por enviados de bispos, de conventos, mosteiros e organizações religiosas diversas.
Os abusos aumentaram envolvendo enormes quantidades de dinheiro e tornaram-se um verdadeiro comércio. Príncipes e senhores poderosos exigiram uma comissão das indulgências recolhidas nos seus territórios. O arrependimento e a confissão dos pecados deixaram de ser importantes. Bastava comprar uma indulgência.
A venda de indulgências foi um dos motivos de crítica e denúncia de Martinho Lutero em suas 95 Teses, desencadeando o movimento da Reforma Protestante.
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