O capitalismo na forma moderna como existe hoje surgiu na passagem da Idade Média para a Idade Moderna europeia, no XV. O capitalismo existiu incipiente e em pequena escala durante séculos na forma de atividades mercantis, de aluguel e empréstimos e, ocasionalmente, como indústria de pequena escala com algum trabalho assalariado.
Durante a Idade de Ouro Islâmica (séculos VIII ao XIII), os árabes adotaram políticas econômicas capitalistas como o livre comércio e o sistema bancário. Seu uso de algarismos indo-arábicos facilitou a contabilidade – essencial para administrar as atividades comerciais. Essas inovações difundiram-se pela Europa por meio de comerciantes de Veneza, Pisa, Gênova.
Ao longo dos séculos XV e XIX, o capitalismo transformou-se à medida que os elementos que o compõem mudaram, particularmente sob o impulso do progresso técnico. Portanto, não existiu uma forma de capitalismo, mas vários capitalismos que se sucederam ao longo do tempo.
Mercantilismo – capitalismo comercial
Entre os séculos XVI ao XVIII prevaleceu a doutrina econômica chamada mercantilismo. Este período foi marcado pela exploração e colonização de novas terras (Era dos Descobrimento) por comerciantes.
O mercantilismo era um sistema de comércio com fins lucrativos, embora as mercadorias ainda fossem amplamente produzidas por métodos não capitalistas, por exemplo, o uso da mão de obra escrava.
A maioria dos estudiosos considera a era do mercantilismo como capitalismo comercial do qual originou-se o capitalismo moderno
Os comerciante europeus, apoiados por monopólios e subsídios dados pelo Estado absolutista, obtinham a maior parte de seus lucros comprando e vendendo mercadorias.
Capitalismo industrial
Durante a Revolução Industrial, os industriais substituíram os comerciantes como um fator dominante no sistema capitalista levando ao declínio do modo de produção artesanal dos artesãos, guildas e jornaleiros (trabalhador qualificado em um ofício pagos por jornada de trabalho).
O capitalismo industrial marcou o desenvolvimento do sistema fabril (maquinofatura) caracterizado pela divisão do trabalho, trabalho assalariado e a concentração dos meios de produção nas mãos do industrial capitalista – o que consolidou o modo de produção capitalista.
A industrialização permitiu a produção barata de artigos domésticos enquanto o rápido crescimento populacional garantiu uma procura sustentada de mercadorias.
O imperialismo do século XIX, por sua vez, estendeu o mercado fornecedor e consumidor dos países industrializados. A Índia e a China tornaram-se consumidoras de exportações europeias. A África subsaariana rendeu recursos naturais valiosos como borracha, diamantes, carvão para os países europeus.
As políticas protecionistas prescritas pelo mercantilismo foram sendo abandonadas. A Grã-Bretanha industrial, por exemplo, revogou os Atos de Navegação em 1849 e reduziu tarifas e cotas adotando o livre comércio (liberalismo econômico).
Capitalismo financeiro
Por volta de 1860, o capitalismo passou por nova mudança em que os bancos e as empresas de investimentos tornaram-se dominantes na economia. Os bancos e os grandes conglomerados de empresas (trustes e cartéis) passaram a controlar todos os ramos de produção. Assim, enquanto que no capitalismo industrial o lucro é obtido a partir da fabricação de bens, no capitalismo financeiro o lucro é obtido no sistema financeiro, isto é, nos títulos e ações comercializados na bolsa de valores, nos empréstimos a juros altos, nas cotações de moedas, variações de preços no mercado imobiliário e especulação.
No capitalismo financeiro, a especulação é um cenário para ganhar (e perder) dinheiro, muitas vezes muito mais importante que o investimento e a aplicação de tecnologia para a produção de bens e serviços.
O capitalismo financeiro sofreu forte revés na Crise de 1929, mas se reestruturou e desenvolveu-se mais intensamente a partir da década de 1980 como capitalismo neoliberal. Este se caracteriza pelo fato de o topo da hierarquia social estar ocupado por rentistas e tecnoburocratas que administram as riquezas dos capitalistas industriais. Ou seja, o topo da pirâmide não pertence mais aos próprios capitalistas industriais, mas a uma classe que vive de capital não produtivo, como aquele da bolsa de valores.
Capitalismo informacional
A partir da década de 1970, em plena Terceira Revolução Industrial (automação eletrônica, uso de computadores, internet e robôs) e o avanço da globalização o capitalismo atinge sua fase informacional. No capitalismo informacional, a informação e o conhecimento são fundamentais para as empresas, pois reduzem custos operacionais e valorizam as mercadorias, os processos produtivos e os serviços. As tecnologias da informação e comunicação (TICs) facilitam o gerenciamento de dados e fluxos de informações. Em um mundo onde as distâncias geográficas são superadas por meio das mídias eletrônicas, o espaço mundial se torna cada vez mais integrado.
As transações comerciais são feitas via Internet por computadores e smartphones, e a informação passa a ser mercadoria. Diferentes quantidades e tipos de informação são compradas, vendidas, manipuladas e controladas para gerar negócios mais lucrativos como vendas direcionadas e aberturas de novos mercados.
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