O QUE É... Tirania (Grécia antiga e hoje)

Tirania (do grego antigo, týrannos ou tuúrannos, significando “líder ilegítimo”, isto é, que tomou o poder ilegalmente) era uma forma de governo usada em situações excepcionais nas cidades-estado da antiga Grécia, em alternativa à democracia. Na tirania, o chefe governava com poder ilimitado, embora sem perder de vista que deveria representar a vontade do povo.

No mundo grego, o tirano era, em geral, um indivíduo das classes nobres, mas que tomava o poder em defesa das classes mais baixas, colocando os pobres contra os ricos e apresentando-se como provedor da justiça.

É conhecido o caso de Pisístrato, aristocrata ateniense do século VI a.C., que simulou um ataque à sua pessoa entrando em Atenas com feridas que fez em si próprio, mas dizendo ter sido atacado por seus inimigos, que o teriam tentado matar. Com isso ele convenceu os atenienses a lhe conceder uma guarda pessoal, algo que na época não era permitido pois seu detentor poderia apoderar-se da cidade.  Foi o que aconteceu: com essa guarda pessoal Pisístrato conquistou a cidade e instalou sua tirania em 560 a.C.

No entanto, esse primeiro governo durou apenas um ano. Psístrato tomaria o poder novamente e governou por cinco anos (559-556 a.C.). Foi banido de Atenas por dez anos (ostracismo), durante os quais enriqueceu explorando as minas de ouro da Macedônia e da Trácia.

Tomou o poder pela terceira vez governando por dezenove anos (546-527 a.C.) com moderação e benevolência, o que atraiu a simpatia do povo. Protegeu as classes desfavorecidas que o conduziram ao poder, isentando os mais pobres do pagamento de impostos e concedendo-lhes empréstimos e terras. Pisístrato tomou uma série de medidas na agricultura, comércio e indústria que em muito contribuíram para a prosperidade de Atenas, até então uma cidade de pouca importância quando comparada com Mileto e Éfeso. Incentivou o cultivo da oliveira, que fornecia o azeite, uma das principais exportações de Atenas.

Tirania moderna

Hoje, o termo tirania tem conotação negativa entre as sociedades democráticas ocidentais. A origem histórica disso pode estar no fato dos filhos do grande tirano grego Psístrato (que era adorado pelo povo) terem abusado do poder, usufruindo do espaço público como se fosse privado. Foram banidos de Atenas e mortos.

Tirania passou a ter o significado de opressão, crueldade e abuso de poder. Na política, o poder de um governo tirânico pode ser comparado ao absolutismo, despotismo ou ditadura.

No preâmbulo da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), a tirania é descrita como opressão na ausência do Estado de Direito contra o qual as pessoas têm o direito de se revoltar.

A tirania pode acontecer através de uma revolução, um golpe de estado ou mesmo através de eleições democráticas. Ela se manifesta quando começar a haver restrições à liberdade de expressão, ameaças aos opositores e outros meios de abuso na tentativa de manter o poder. É caracterizada pelas ameaças às liberdades individuais e coletivas.

A moderna tirania é representada por políticos que não tendo mais o poder de matar ou mesmo prender o opositor, preferem usar métodos alternativos, como processos judiciais por calúnia e difamação, ou compra de órgãos de informação.

O comportamento tirânico de um político muitas vezes pode ser visto pelos altos gastos em publicidade governamental para exaltar a sua política e a sua pessoa como herói e grande governante.

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