O QUE É... Comércio escravo (ver Tráfico Negreiro e Diáspora)

O comércio de africanos escravizados começou no século VII e terminou no século XIX. No total, quase 42 milhões de pessoas foram afetadas por este comércio humano.

Existiam duas grandes redes de comércio escravo:

1. O comércio oriental e mediterrâneo de escravos

Controlado por traficantes de escravos muçulmanos. Começou em 650 e afetou 40% das deportações. Não parou até 1920. Ocorreu principalmente no continente africano, com escravos sendo transportados através do Saara numa viagem que durava de 1 a 3 meses. A mortalidade induzida pelo calor, cansaço físico, sede e fome foi significativa.

As zonas de exportação de escravos eram a Etiópia, Somália, Tanzânia, Moçambique, África Ocidental e Chade.

As áreas de importação eram o Oriente Médio, Arábia, Mar Vermelho, Sicília e Espanha sob domínio árabe, China e Índia.

2. O comércio atlântico de escravos

Controlado por traficantes europeus e destinado a fornecer mão de obra escrava para as plantações de cana de açúcar, algodão, café, tabaco e cacau, e as minas de ouro e prata nas colônias da América. Começou no início do século XVI (em 1502, para o Caribe) e terminou no século XIX (em datas diferentes dependendo do país).

Os portugueses, no século XVI, foram os primeiros a realizar esse comércio, depois participaram os ingleses, espanhóis, franceses, holandeses e dinamarqueses. Entre os séculos XVI e XIX, o tráfico atlântico explorou a costa ocidental africana a partir, principalmente, da Costa da Mina e Angola em áreas que hoje pertencem às repúblicas de Senegal, Gâmbia, Serra Leoa, Libéria, Gana, Togo, Benin, Nigéria, Camarões, Guiné Equatorial, Gabão, Congo e Angola.

O comércio atlântico de escravizados atingiu o pico no final do século XVIII, quando o maior número de africanos escravizados foi capturado em expedições de invasão ao interior da África Ocidental. Estas expedições foram levadas a cabo por reinos africanos, tais como o Império Oyo (iorubá), o Império Ashanti, o reino Daomé e a Confederação Aro.

A viagem durava em média 2 meses. Estima-se que cerca de 15% dos escravos morreram durante a viagem, com taxas de mortalidade ainda mais altas na própria África no processo de captura e transporte de africanos para os navios. Um grande número dos cativos sobreviventes morriam 3 anos após chegarem à América. Calcula-se que cerca de 12 milhões a 12,8 milhões de africanos cruzaram o Atlântico em um período de 400 anos. Desse total, estima-se que 4,8 milhões vieram para o Brasil.

O tráfico de escravos feito pelos árabes e o tráfico atlântico realizado pelos europeus são as práticas escravistas mais importantes por causa de sua duração (onze e quatro séculos respectivamente), sua escala (dezenas de milhões de indivíduos escravizados) e seu impacto social, econômico e cultural tanto nas regiões escravistas quanto na área de origem, a África.

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