No Brasil escravista, chamava-se “tigre” o barril de madeira, de tamanho médio, que servia para a coleta de excremento das casas localizadas na região urbana do Brasil escravista. Como não existia esgoto, cabia aos escravos (chamados, por isso, de tigreiros) encontrar um lugar distante onde pudessem descarregar essas vasilhas, depois de cheias.
Os escravos colocavam o barril à cabeça e seguiam para um local ermo ou praia a fim de esvaziá-los. Ocorre que, como esses vasilhames não eram renovados com frequência, apodreciam depois de certo tempo e muitas vezes desmontavam na cabeça do escravo.
Parte do conteúdo, que continha ureia e amônia, vazava dos tonéis e deixava marcas brancas sobre a pele negra, parecidas com listras. Por essa reação química, as marcas se pareciam com as do animal — daí o apelido em tom pejorativo dos “tigres” ou “tigrados”.
O cheiro dos tonéis, obviamente, não era agradável e fazia com que as pessoas não se aproximassem dos “tigres” enquanto os carregavam.
O viajante Robert Ave-Lallement (1961), que esteve no Brasil em 1859, ao referir-se ao fato, levanta a hipótese de que o nome do bairro denominado Barris, em Salvador, Bahia, derive da particularidade de, naquele local, os escravos jogarem os dejetos contidos nesses recipientes chamados “tigres” na época.
Fonte
- MOURA, Clóvis. Dicionário da escravidão negra no Brasil. São Paulo: Edusp, 2004.
Ver também
- Ferro de marcar escravo
- Marca de escravo
- Gargalheira, colar de ferro
- Tronco (instrumento de castigo)
- Vira-mundo (instrumento de castigo)
- Escravidão, escravismo ou escravatura
- Escravo
- Escravo de ganho, negro de ganho
- Escravo de aluguel
- Escravo público
- Senzala
- Feitor de escravos, capataz
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